Quinta, 21 de novembro de 2024
Política

17/11/2024 às 14h20

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Redacao

Vila Velha / ES

Pensão para ‘órfãos da hanseníase’ pode ser votada ainda este ano
Projeto de Coser que prevê pensão vitalícia foi listado como prioridade na Assembleia
Pensão para ‘órfãos da hanseníase’ pode ser votada ainda este ano
Lucas S.Costa/Ales

O Projeto de Lei (PL) 611/2023, que trata da pensão vitalícia para os filhos separados dos pais com hanseníase no Espírito Santo, pode ser votado ainda este ano. A proposta foi listada como prioridade pelo autor, João Coser (PT), após cada parlamentar apresentar três matérias para análise antes do recesso. A informação é do coordenador do movimento dos filhos, Heraldo José Pereira, que aponta expectativa de aprovação, já que em Minas Gerais os filhos separados recebem a pensão, e no Rio de Janeiro, Goiás e São Paulo, falta apenas a sanção pelos governos estaduais.


“A aprovação desse projeto não apaga tudo que a gente viveu, vai ficar sempre no nosso coração, mas é um reconhecimento do que o próprio Estado promoveu no passado”, ressalta Heraldo.


No Espírito Santo, os filhos separados dos pais com hanseníase eram encaminhados para o Educandário Alzira Bley, no bairro Padre Matias, em Cariacica. Seus pais para eram levados compulsoriamente para o hospital Pedro Fontes, que fica ao lado. A prática do Estado de separar os filhos dos pais com hanseníase teve início na década de 20, no primeiro governo do presidente Getúlio Vargas. Com a descoberta da cura da enfermidade, o fim da internação compulsória aconteceu em 1962, mas há registros de que continuaram em todo o país, até a década de 80....EAB


O PL prevê uma pensão vitalícia cujo valor estipulado no Espírito Santo é de 600 VRTE’s (Valor de Referência do Tesouro Nacional), o que corresponde a dois salários mínimos – R$ 2,8 mil. Inicialmente, o projeto apresentado por Coser não estava a contento, pois tinha como foco somente 150 pessoas, que são os filhos que foram separados dos pais, mas não internados no Educandário Alzira Bley.


Contudo, informa Heraldo, o número aumentou para 600, pois foram inclusos os 450 que foram internados no Educandário. A proposta busca “criar reparação às vítimas da segregação parental decorrente da política sanitária de contenção da hanseníase” e havia sido arquivada com o término do mandato do autor, o ex-deputado estadual Hércules Silveira, sendo reapresentado por João Coser.


De acordo com a proposta, a pensão é “personalíssima”, ou seja, não transmissível a dependentes e herdeiros. Além disso, “o recebimento de outras indenizações de qualquer espécie pagas pela União decorrentes de responsabilização civil sobre os mesmos fatos não exclui o direito previsto na presente lei”, logo, o recebimento do benefício aprovado em âmbito nacional não impede o estadual.


Conforme consta na justificativa do PL 611/2023, a proposta “trata-se não apenas de uma reparação financeira, mas também um reconhecimento do crime que foi cometido contra eles, pois é impossível reparar os danos causados a esses filhos segregados em sua totalidade. A discriminação, o preconceito e a segregação marcaram, de uma maneira imensurável, os filhos separados”.

FONTE: Século Diário

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