13/11/2024 às 19h50
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Redacao
Vila Velha / ES
Há mais de duas décadas, dezenas de carrinhos de rolimã descem a rua mais íngreme do Bairro da Penha, em Vitória, em uma corrida que mobiliza a comunidade anualmente, durante o mês de setembro. A atividade, oficializada como esporte no Espírito Santo pela Lei nº 12.244 nessa quinta-feira (7), começou a ser difundida nas décadas de 1960 e 1970, em terrenos inclinados. É um dos eventos mais antigos da Capital capixaba, e atrai milhares de visitantes e equipes de várias partes do Brasil para a competição.
Os veículos chegam a atingir velocidades de até 80 quilômetros por hora na rua Rubens Blay, onde a descida acontece desde seu surgimento, como um desafio entre amigos, no ano de 2009. Em 2010, evoluiu para um evento realizado pela comunidade sem aprovação da prefeitura, até se tornar um dos mais tradicionais de Vitória e ser reconhecido como parte do calendário oficial. Líder da equipe Bola de Fogo, Alex Bandeira, conhecido como Boi, fazia parte do grupo de amigos que lançou o desafio de descer a rua Rubens Blay com os carrinhos de rolimã.
“Começou como uma brincadeira de porta de boteco, hoje são mais de quarenta carrinhos. É uma corrida que une a comunidade”, destaca o fundador da competição, que contribui para promover a cultura e economia local, reunir a comunidade, fortalecer a identidade e reverter estigmas associados ao bairro. “Para mim, o que mais marcou, foi tirarmos a comunidade de aparecer em página policial”, relata.
Atualmente, a corrida conta com estrutura de som, telões, transmissão ao vivo pelo YouTube, apresentações musicais e feira com comerciantes locais. “Ninguém acreditava que chegaria aonde chegou, ouvíamos que iria morrer gente, que éramos doidos. É um esporte radical, acontecem acidentes, mas nunca aconteceu um grave”, afirma Alex. Para participar, os corredores precisam usar os equipamentos de segurança, que incluem capacete, luva, cotoveleiras e joelheiras.
Dez equipes participam da tradicional corrida de carrinho de rolimã, cada uma com seu estilo e estratégia próprios. Cinco delas são do bairro da Penha: Camaro Amarelo, Bola de Fogo, Só Novela, Só Manguaça e Triple X. Há também times de fora do Estado, como o Risca Asfalto, de São Paulo, Caveirões, de Minas Gerais, e a Mulher Maravilha, uma corredora solo que vem de Brumadinho, também de Minas.
O funcionário público Pierre Vieira Correia, que também colabora na organização da corrida, enfatiza o impacto positivo do evento para reverter antigos estigmas do Bairro da Penha. “A intenção é melhorar a imagem do bairro, porque não é complexo, somos pessoas de bem”, destacou.
O evento já despertou interesse de pessoas que se ofereceram para “comprar” a corrida, mas os organizadores recusaram a proposta e mantiveram a tradição fiel às suas raízes, uma celebração da comunidade iniciada de maneira simples e espontânea, relata Alex. Ele ressaltou que os moradores são o foco da corrida, realizada como espaço de lazer e uma forma de gerar renda e visibilidade. “O projeto é para beneficiar a comunidade”, reitera.
Ele e outros organizadores ainda planejam atrair jovens para lançar novos corredores e manter a tradição viva. “A criançada fica doida, é uma brincadeira um pouco arriscada, mas nós queremos fazer um projeto para colocar os jovens para participar, porque nossa intenção é que a corrida continue. Então todo ano, pretendemos lançar um novo corredor”, compartilha Alex.
A Lei nº 12.244 reconhece oficialmente a corrida de carrinho de rolimã como prática esportiva no Espírito Santo. A legislação, proposta pelo deputado Coronel Weliton (PTB) e sancionada pelo governador Renato Casagrande (PSB), estabelece a obrigatoriedade de uso de equipamentos de segurança durante as competições e orientações para a prevenção de acidentes. O objetivo é incentivar a prática, promover a interação social e contribuir para o desenvolvimento físico e cognitivo dos participantes, além de preservar a tradição histórica da atividade.
FONTE: Século Diário
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