Quinta, 21 de novembro de 2024
Política

12/11/2024 às 20h43

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Redacao

Vila Velha / ES

Aprovada urgência para projeto que proíbe visita íntima
Medida que busca acabar com visita íntima para condenados por crimes sexuais poderá constar na pauta de votações da sessão desta quarta (13)
Aprovada urgência para projeto que proíbe visita íntima
A constitucionalidade do projeto foi um dos pontos de debate na sessão virtual / Foto: Mara Lima

Foi aprovado requerimento de urgência para o Projeto de Lei (PL) 586/2024, que proíbe no Espírito Santo a visita íntima para presos condenados por crimes contra a dignidade sexual. A matéria, de Lucas Polese (PL), teve o pedido acatado durante a sessão ordinária da Assembleia Legislativa (Ales) desta terça-feira (12). Alguns parlamentares chegaram a questionar a constitucionalidade da proposta, mas o pedido acabou sendo acatado.

Vice-líder do governo na Casa, Tyago Hoffmann (PSB) argumentou que a proposição tratava de Código Penal, por isso estaria na alçada da legislação federal, não da estadual. “Se eu fosse deputado federal trabalharia para que a matéria tramitasse. (...) Sou a favor da tese, mas é uma matéria de Código Penal. Vamos criar um constrangimento para a Casa. Deveríamos discutir fora do regime de urgência”, disse.

Autor da proposta, Polese falou que o conteúdo não é pertinente ao Código Penal, mas a uma portaria da Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). “Trata de direito penitenciário, que é concorrente. Em Goiás, a Assembleia tentou tirar visita íntima para todos os presos, mas uma Adin [Ação Direta de Inconstitucionalidade] derrubou a lei por ferir direitos humanos. O que a gente está trabalhando aqui é a organização de um protocolo de visita íntima, que vai ser pedagógico, a gente tira de crimes sexuais”, explicou.

A deputada Iriny Lopes (PT) afirmou que os deputados deveriam seguir a legislação. “Não podemos incorrer em equívocos e crimes. Isso não é matéria de alçada de deputado estadual. O tema é delicado, merece rito normal. Não podemos fazer mais uma vez uma legislação que qualquer Adin vai derrubar”, salientou.

Ela ainda alertou que a medida proposta tinha um caráter de “vingança” ao invés de justiça e que o sistema penitenciário deve trabalhar para regenerar os detentos. Por fim, frisou que há anos milita na luta contra os crimes sexuais porque esse tipo de crime atinge, principalmente, mulheres, crianças e jovens.

Camila Valadão (Psol) fez coro com a colega, manifestando-se contra o regime de urgência e também contra o mérito do PL. “Restringe ainda mais direitos da população carcerária, o que causa impactos em nosso sistema prisional. Temos que considerar o impacto na política pública do Estado no sistema”, enfatizou. A parlamentar ainda destacou que grande parte desses crimes acontecem com crianças e por pessoas próximas, como pais e avós. 

Já o deputado Callegari (PL) mostrou dúvidas em relação à constitucionalidade ou não do projeto, mas não quanto ao mérito. Ele discordou do posicionamento das deputadas. “Os detentos estão carentes de direitos porque fizeram por merecer, por aterrorizar a sociedade, o pouco direito ainda é muito”, argumentou. Ele ainda contou que muitas mulheres são forçadas a visitar presos nas cadeias, o que foi corroborado por Denninho Silva (União).

Após as falas, o pedido de urgência foi aprovado e a matéria agora está apta a fazer parte da pauta da Ordem do Dia da próxima sessão, a ser realizada de maneira híbrida na manhã desta quarta-feira (13). Vários deputados fizeram a justificativa de voto após a aprovação. Iriny criticou o que chamou de “discursos fáceis” e ressaltou que é preciso tratar o tema com responsabilidade. “Acompanho o sistema prisional, quanto mais desumaniza, mais essas pessoas saem para atacar a sociedade”, comentou. Em relação à fala de Callegari sobre mulheres forçadas a visitar presos em cadeias, a parlamentar rebateu que existem entidades e a própria legislação para dar amparo a elas, caso isso realmente esteja ocorrendo.

No mesmo sentido foi a fala de Camila, que lembrou que o assunto precisa ser tratado com seriedade. “Esse país tem uma mulher vítima de estupro a cada 8 minutos. (...) E 73% dos crimes sexuais acontecem dentro de casa. Estamos falando de pais, avós e tios”, reforçou.

De acordo com Callegari, os autores de crimes sexuais cometem esse tipo de violência porque têm “perversão sexual, sadismo, narcisismo e psicopatia”. Para ele, cabe ao Estado fazer a coerção desses indivíduos para que a população não faça “justiça com as próprias mãos”.

Por fim, Janete de Sá (PSB) falou que votou favoravelmente ao requerimento porque entende que cabe às mulheres a dor nessa questão. “Não vamos melhorar o sistema prisional por vedarmos uma visita íntima ou não. (...) É muito complicada a correção dessas pessoas que cometem violência sexual. (...) Precisamos de penas mais consistentes e de mecanismos para esses elementos que insistem em destruir a vida de mulheres”, concluiu.

FONTE: Assembleia Legislativa do Espírito Santo

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