18/07/2024 às 13h39
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Redacao
Vila Velha / ES
Com a decisão do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) de recusar a filiação do ex-prefeito José Carlos Elias, não foi só o Partido dos Trabalhadores (PT) que ficou sem representante na eleição para a Prefeitura de Linhares. Agora, incrivelmente, a sexta cidade mais populosa do Espírito Santo não tem nem sequer um candidato de esquerda para representar esse campo ideológico na disputa pelo comando do Executivo Municipal.
Na última terça-feira (10), em julgamento de petição cível apresentada pelo Diretório Estadual do PT, o TRE-ES rejeitou, por unanimidade, a filiação de Elias ao PT, realizada no início do ano, sob um argumento singelo: ele está simplesmente com os direitos políticos cassados, logo impedido de se filiar a partido político e disputar mandatos eletivos.
Apesar das dificuldades e dos conhecidos riscos judiciais, Elias era o pré-candidato da Federação Brasil da Esperança, formada por três siglas de esquerda: PT, PV e PCdoB. A presidente do PT em Linhares, Maria Tereza da Silva Brandão, afirma que não existe “Plano B” e que o Diretório Estadual do PT vai recorrer da decisão ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Acreditamos que vamos sair vitoriosos com esse recurso, então ainda não pensamos em outra via.”
Enquanto isso, o chamado “campo progressista” se vê sem pré-candidato a prefeito na maior cidade da Região Norte do Espírito Santo. A federação constituída pelo PSol com a Rede Sustentabilidade não tem candidatura majoritária no município, como informa a presidente estadual da primeira sigla, Ana Halama: “Algumas conversas estão acontecendo, mas sem avanços no momento”.
Se Elias, por um milagre jurídico, ainda conseguir ser candidato a prefeito pelo PT, a Federação PSol/Rede até cogita apoiá-lo: “É uma possibilidade, mas as conversas nesse sentido ainda não ocorreram”, diz Halama.
Sendo assim, concretamente, só existem quatro pré-candidatos a prefeito de Linhares, e todos eles se situam no lado oposto do espectro ideológico. “São candidaturas de extrema-direita ou de direita. A única candidatura de esquerda é a nossa, e estamos apostando nessa candidatura”, afirma a presidente municipal do PT, Maria Tereza Brandão, ainda esperançosa no êxito do recurso a ser interposto no TSE.
A “fila da direita” é puxada pelo atual prefeito, Bruno Marianelli. Ele é sem dúvida alguma um candidato de direita, não apenas por conta do partido a que pertence – o Republicanos, legenda conservadora, com raízes evangélicas –, mas por ser afilhado político do ex-prefeito Guerino Zanon, a quem sucedeu na Prefeitura de Linhares. Principal cabo eleitoral de Marianelli, Guerino é um bolsonarista de quatro costados, como se provou em 2022.
Na campanha ao Governo do Estado, Guerino já lançou sua pré-candidatura declarando-se apoiador da reeleição de Bolsonaro para a Presidência da República. No 2º turno da eleição estadual, apoiou Carlos Manato (PL), seguindo compromisso firmado com ele e declarado já no meio do 1º turno.
Braço direito de Guerino em seu penúltimo mandato na prefeitura (2017-2020), Marianelli se elegeu ao seu lado como vice-prefeito em 2020. Em abril de 2022, assumiu o governo em Linhares, já que Guerino precisou renunciar para concorrer ao Palácio Anchieta.
Hoje o principal concorrente de Marianelli, de acordo com pesquisa Futura Inteligência publicada na última quarta-feira (10) pelo site Folha Vitória, é o deputado estadual Lucas Scaramussa (Podemos).
Exercendo o seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa, o advogado e professor de Direito pertence à base do governador Renato Casagrande (PSB) na Assembleia e tem o apoio do Governo do Estado, mas pode ser tranquilamente considerado um político de direita, a julgar por seus projetos e posicionamentos da tribuna – e porque ele mesmo assim se declara.
Foi de Scaramussa, por exemplo, o parecer que ditou as bases para que o plenário da Assembleia revogasse a prisão do Capitão Assumção (PL), deputado de ultradireita que havia sido preso no dia 28 de fevereiro por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes. Foi ele também um dos autores do projeto que previa uma série de punições a integrantes do MST, com veto aposto por Casagrande e mantido em junho, por pouco, pelo plenário da Assembleia.
Os outros dois concorrentes são o produtor rural Maurinho Rossoni, presidente municipal do PL – partido que fala por si –, e o empresário e ex-deputado estadual Marcos Garcia, filiado ao Progressistas (PP). Este último até se elegeu para a Assembleia em 2018 e disputou a Prefeitura de Linhares em 2020 por uma sigla de esquerda, o PV, mas também pode ser classificado sem erro como um político de direita, por suas convicções.
Na mais recente pesquisa da Futura Inteligência para a Rede Vitória – com 400 entrevistas realizadas de 27 de junho a 1º de julho –, o instituto também incluiu no rol de possíveis candidatos o ex-deputado estadual Luiz Durão, outro tradicional político de direita de Linhares, embora filiado ao PDT. Mas, de acordo com nossa apuração, ele não será candidato a prefeito.
No principal cenário estimulado do levantamento, Scaramussa lidera com 28,0% das intenções de voto, seguido de perto por Elias (24,1%) e Marianelli (23,1%). Como a margem de erro da sondagem é de 4,9 pontos percentuais para mais ou para menos, os três estão tecnicamente empatados. Luiz Durão ficou com 11,5% e Maurinho Rossoni não passou de 1,3%.
Linhares é a sexta cidade mais populosa do Espírito Santo, com 166.786 habitantes, segundo o Censo de 2022.
FONTE: ES 360
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