Quinta, 21 de novembro de 2024
Política

29/06/2024 às 15h03

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Redacao

Vila Velha / ES

Gilvan da Federal é lançado a senador por partido de Bolsonaro
Em evento de lançamento de Ramalho em Vila Velha, deputado teve o nome carimbado por representante de Magno Malta e foi tratado como “futuro senador”
Gilvan da Federal é lançado a senador por partido de Bolsonaro
Gilvan da Federal. Foto: Reprodução

O evento era de lançamento da pré-candidatura do Coronel Alexandre Ramalho à Prefeitura de Vila Velha, pelo Partido Liberal (PL), sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas Ramalho não foi o único a ser lançado. De maneira explícita, o deputado federal Gilvan da Federal, do mesmo partido, também foi anunciado, mas como o pré-candidato do PL ao Senado Federal pelo Espírito Santo em 2026.



Gilvan foi tratado como o pré-candidato do partido a senador da República por dirigentes estaduais e por estrelas políticas do PL, incluindo o deputado federal Eduardo Bolsonaro, presente ao evento de lançamento de Ramalho, realizado na tarde desta quinta-feira (27) em um cerimonial de Vila Velha.



As falas gerais foram no sentido de que as eleições municipais deste ano estão diretamente conectadas com as de 2026 (o que é fato) e que, portanto, o PL precisa eleger o maior número de prefeitos e vereadores no Estado, inclusive em Vila Velha, para chegar mais forte daqui a dois anos a fim de cumprir seu principal objetivo estratégico: eleger Gilvan em uma das duas vagas do Senado que estarão em disputa no Espírito Santo (as de Marcos do Val e Contarato), fazendo-o se juntar, na “Câmara Alta”, ao senador Magno Malta.


Representando Magno, o presidente do PL em Vila Velha e dirigente estadual do PL, Pastor Carlos Salvador, verbalizou o projeto com todas as letras, diante de Ramalho, de Eduardo Bolsonaro, do próprio Gilvan e de centenas de militantes presentes.


“O PL no Espírito Santo não precisa esperar a organização, a ‘geopolítica’, para dizer o que queremos que aconteça em 2026, com esta base que estamos construindo hoje. Já decidimos que, em 2026, vamos contribuir com o Brasil entregando, através dessa base de prefeitos e vereadores, pelo menos um senador da República. E o PL já decidiu que o nosso candidato a senador em 2026 é Gilvan da Federal!”, exclamou o dirigente, sob aplausos da claque.


Deputado federal por São Paulo, Eduardo Bolsonaro disse ter sido convidado por Gilvan para o lançamento de Ramalho. Elogiou o colega de bancada do PL na Câmara, disse (com outras palavras) que os dois atraem o mesmo tipo de ódio e afirmou que espera ver o colega, no futuro, “do outro lado da praça”, ou seja, no Senado. O filho 02 de Bolsonaro ainda justificou as sucessivas polêmicas e confusões em que Gilvan tem se envolvido em Brasília:


“Vim a convite do meu colega, policial federal, Gilvan. Alguns dizem que ele é ‘encrenqueiro’… Mas você quer ter paciência e ser benquisto por vagabundo ou quer ir pro combate? Quem não tem rabo preso é odiado mesmo por vagabundo! Quem odeia o Gilvan também me odeia!”


Representando a bancada de quatro parlamentares do PL na Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), o deputado Callegari tratou Gilvan como “futuro senador da República”. Chamando o atual governante de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), de “prefeito meia-boca”, o deputado fez um discurso inflamado, explicitando a maneira como o PL entende que a eleição de Gilvan para o Senado em 2026 passa diretamente pela eleição de prefeitos filiados ao partido, inclusive a de Ramalho em Vila Velha, no pelito municipal de outubro:


“Gilvan será o nosso futuro senador da República, sem dúvida alguma, com a força de vocês. Agora, é para o Arnaldinho que eu estou falando! Quem vocês acham que o Arnaldinho vai apoiar [para presidente] em 2026? Lula ou Bolsonaro? E para senador? Gilvan ou Do Val? O Contarato? O Casagrande?”, perguntou, retoricamente.


Arnaldinho é aliado do governador Renato Casagrande (PSB), que pode ser candidato a senador em 2026 (ele mesmo afirmou aqui, há duas semanas, não ter decisão tomada sobre isso). Jair Bolsonaro está inelegível por decisão do TSE, tomada em julgamento no ano passado.


Callegari prosseguiu:


“Quem vocês acham que Arnaldinho vai apoiar para deputado federal em 2026? Os que são ‘Deus, pátria, família e liberdade’ ou esse bando de ‘melancias’, esquerdistas, que chegam na hora de votar, tiram o pé do acelerador e deixam o STF jantar como está jantando o Brasil?”


O que disse Gilvan


Em sua vez de discursar, o próprio Gilvan foi fiel ao seu estilo conhecido por todos desde que era vereador de Vitória: xingou o senador Fabiano Contarato (PT) e ofendeu outros políticos com quem tem divergências, como o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e o senador Marcos do Val (Podemos).


Sobre a pré-candidatura ao Senado em 2026, o deputado de primeiro mandato se disse pronto para a missão que for dada a ele por Jair Bolsonaro. E, afirmando que pode até vir a ser preso, disse que não desistirá de enfrentar o ministro do STF Alexandre de Moraes, presidente do TSE durante as últimas eleições gerais e relator dos inquéritos sigilosos sobre o 8 de janeiro, fake news eatos antidemocráticos.


“Uma coisa eu digo aqui: eu não tenho medo do ministro Alexandre de Moraes, porque sei que o nosso Senhor, o Senhor dos exércitos, Deus está levantando um povo, está levantando uma nação, e, mesmo que eu seja preso, isso não vai acabar”, discursou o deputado.


Fiel à cartilha e à retórica bolsonarista, Gilvan tratou a eleição dos candidatos do PL em 2024 e em 2026 como uma “luta do bem contra o mal”, na qual logicamente, em sua ótica, a direita encarnada pelo PL ocupa o lugar do “bem”:


“Precisamos nos manter unidos porque o outro lado está unido, porque é uma luta do bem contra o mal. E nós estamos do lado do bem. E nós vamos vencer! Se nós estivermos unidos, vamos vencer!”


Na mesma linha de Callegari e de Carlos Salvador, Gilvan explicitou o quanto um bom resultado do PL nas eleições municipais deste ano aumentam as chances do partido (as dele mesmo, no caso) na disputa pelo Senado marcada para daqui a dois anos. A primeira referência foi ao deputado federal Victor Linhalis, ex-vice-prefeito de Arnaldinho Borgo e candidato a federal apoiado por ele em 2022.


Linhalis é filiado ao Podemos, partido que está no governo Lula (PT).


“Como disseram antes de mim, 2026 passa por 2024, e vou provar. Em 2022, o prefeito de Vila Velha apoiou quem para deputado federal? Victor Linhalis. A maior votação dele foi aqui em Vila Velha. Então 40 mil pessoas que votaram em Bolsonaro votaram nesse deputado que é base desse ex-presidiário, desse ladrão que está na Presidência da República.”


Gilvan prosseguiu:


“Quero saber quem o prefeito Arnaldinho vai apoiar para o Senado em 2026. Aquele lixo do Fabiano Contarato? Aquele Swat da Shopee? Quem ele vai apoiar? Então temos que mudar Vila Velha, mas pensando no Espírito Santo”, ressaltou Gilvan


Parêntese: tirem as crianças da sala para as outras poderem brigar (ou brincar com a nossa cara…)


“Swat da Shopee” é como Gilvan tem se referido pejorativamente, desde semana passada, ao senador Marcos do Val, com quem tem protagonizado uma briga pública de muito baixo nível – ainda mais considerando os mandatos eletivos que exercem e sua condição de homens públicos –, com direito a encarada em comissão do Senado e troca de empurrões no saguão do Aeroporto de Vitória.


No mais recente episódio, Gilvan chegou ao cúmulo de usar a tribuna da Câmara dos Deputados para desafiar Do Val para resolverem suas diferenças da maneira mais civilizada já inventada pela humanidade: por meio de luta corporal, numa academia qualquer. Segundo o deputado, o senador pode escolher a modalidade: MMA, boxe, vale-tudo etc.


Parece piada, humor nonsense, filme surrealista, mas foi esse mesmo o “desafio” feito da tribuna por onde já passaram vultos da política nacional, no pior estilo “te pego lá fora, na saída”.


Quinta série mandou lembranças.




 


FONTE: ES 360

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