04/04/2024 às 23h01
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Redacao
Vila Velha / ES
O Espírito Santo é mais um dos estados brasileiros que têm sido impactados pela epidemia de dengue. Dados do último boletim epidemiológico, divulgado nesta quinta-feira (04), mostram que, no Estado, foram notificados 123.243 casos da doença.
Já os casos confirmados totalizaram 52.833 registros. Os óbitos em função da doença chegaram a 17.
Em Vitória, conforme a Secretaria Municipal de Saúde, já foram notificados cerca de 10 mil casos. Os números na Capital refletem a realidade em que vivem moradores de comunidades como o bairro Santa Clara, por exemplo.
Cercada por uma área de mata e com muita umidade, a população da região acaba sendo alvo fácil para os mosquitos transmissores da dengue. Além disso, há também a falta de conscientização acerca do papel dos próprios moradores no enfrentamento da doença.
O medo dos estragos que a dengue pode causar, caso se alastre ainda mais, está presente no olhar e na voz de praticamente todos que vivem no bairro Santa Clara. A dona de casa Camila Rocha é um exemplo disso.
Ela relata que, na sua casa, os dois filhos, um bebê de 1 ano e três meses e uma criança de 11 anos, têm sido as principais vítimas dos mosquitos que surgem em maior volume a cada dia.
A dona de casa, visivelmente angustiada, diz não saber mais o que fazer para tentar proteger a família de um possível contágio causado pelos mosquitos transmissores da dengue.
"A situação é muito preocupante. Não tem horário para os mosquitos aparecerem; tanto faz ser de manhã, à tarde ou à noite. Passo repelente toda nos meus filhos, mas não tem jeito, não é suficiente. A gente acaba ficando sem saber o que fazer", conta Camila.
O drama da moradora é confirmado em cada uma das marcas deixadas pela picada dos mosquitos na pele do seu filho mais velho. A criança sofre diariamente com o incômodo da dor e da coceira causadas pelos ferimentos.
A dona de casa ainda deixa transparecer seu sentimento de impotência diante da situação, uma vez que, segundo ela, as alternativas para lutar contra a ação dos mosquitos vão se esgotando a cada dia.
A Ilse Fabrícia Silva Souza, que também é moradora do bairro Santa Clara, vive situação semelhante à de Camila.
Ela é mãe do pequeno Lorenzo Silva, 5, que tem anemia falciforme, doença hereditária que causa alteração no formato dos glóbulos vermelhos e cujos sintomas são dor generalizada, fraqueza e apatia, teme que uma possível infecção pela dengue causa ainda mais danos à saúde do seu filho.
"Meu filho tem anemia falciforme. Por conta disso, qualquer coisa que aconteça com ele tem ainda mais gravidade. Então, essa situação que nosso bairro está vivendo na questão da dengue causa muita preocupação, não somente pelo meu filho, mas por todas as crianças do bairro", afirma.
Para conter o avanço da dengue na Capital, a Prefeitura de Vitória tem apostado no uso de dois drones com visão térmica.
O equipamento ajuda na identificação de pontos com maior potencial para proliferação de mosquitos transmissores da dengue nas regiões monitoradas.
Os drones ajudam os agentes da prefeitura a encontrarem, por exemplo, caixas d'água sem tampa ou quebradas. Esses locais acabam sendo propícios à reprodução dos mosquitos.
"A gente tem usado o drone em um planejamento de mutirão. Temos trabalhado com mutirões desde que esse quadro de epidemia estava sendo previsto pelo Ministério da Saúde. O drone é uma ferramenta auxiliar ao trabalho dos agentes de endemias, agilizando o deslocamento a locais em que a ferramenta encontra possíveis focos de dengue", explica Lívia Marini Palma, bióloga da Secretaria de Saúde de Vitória.
A bióloga ainda acrescenta que o principal foco dos mutirões da prefeitura são as residências, uma vez que, segundo a especialista, o mosquito transmissor da dengue tem hábitos domiciliares.
"O Aedes aegypti é um mosquito que tem hábito domiciliar. Por isso, a gente vistoria dentro das residências, que são locais preferenciais da fêmea do mosquito para fazer ação de postura", frisa.
Os mutirões com drones nos bairros de Vitória acontecem seguindo cronograma da prefeitura. No calendário do município há ações previstas para os 13, em Maria Ortiz, e 17, em Resistência.
O uso de drones para atuar no combate à dengue pela prefeitura começou em março do ano passado, quando a cidade chegou a registrar 7.444 casos da doença.
Para o médico infectologista Paulo Peçanha as constantes mudanças climáticas pelas quais o Estado passa interferem diretamente na expansão da dengue em território capixaba.
"O mosquito transmissor da dengue se adaptou muito bem aos ambientes urbanos, o que torna o combate a ele muito difícil nos últimos anos. Temos vivenciado períodos quentes associados a períodos de chuva, com acúmulo de água em vários ambientes, o que acaba tornando o contexto muito apropriado ao mosquito transmissor da dengue", pontua Peçanha.
O médico também ressalta que um dos caminhos para impedir que a dengue se alastre é limpeza imediata dos focos de mosquito.
"Precisamos evitar os criadouros de mosquitos, onde deixamos água acumulada. O mosquito transmissor da dengue, antes adaptado apenas a água limpa, hoje em dia se adapta a água de toda forma. Então ele acana se replicando muito rapidamente", conclui.
FONTE: https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/04/2024/dengue-drones-com-infravermelho-sao-usados-em-mutirao-no-combate-aos-focos
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