No sentido da leitura, Alexandre Ramalho e Magno Malta

O coronel Alexandre Ramalho tomou a sua decisão. Perfilado ao senador Magno Malta, bateu o coturno no chão, colocou-se em posição de “sentido”, bateu continência para Jair Bolsonaro… e resolveu engrossar a tropa eleitoral do Partido Liberal (PL) no Espírito Santo. A convite de Magno, o ex-secretário estadual de Segurança Pública decidiu se filiar ao partido do ex-presidente da República para se candidatar à Prefeitura de Vila Velha.

Coronel da reserva da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), Ramalho foi comandante-geral da corporação entre abril e dezembro de 2018. Depois disso, foi secretário estadual de Segurança Pública na maior parte do governo passado de Renato Casagrande (PSB) e no atual, de abril de 2020 a abril de 2022 e de janeiro de 2023 a janeiro deste ano. Saiu do governo justamente para se dedicar às articulações eleitorais. Em fevereiro, desfiliou-se do Podemos, partido que compõe a base do governo Casagrande.

Desde então, estava mais próximo de entrar no Republicanos, partido de direita presidido no Espírito Santo pelo ex-presidente da Assembleia Erick Musso, com quem chegou a manter negociações bem avançadas. Mas nas últimas semanas as conversas com o Republicanos esfriaram, na mesma proporção em que esquentou a aproximação com Magno. O senador bolsonarista é o presidente do PL no Espírito Santo.

Em sinal explícito dessa aproximação, no dia 25 de fevereiro, durante o ato convocado pelo ex-presidente da República na Avenida Paulista, o coronel fez um post no Instagram expressando textualmente seu respeito e sua admiração por Bolsonaro – algo que nunca havia feito até então de maneira tão pública. Magno e Ramalho têm conversado pessoalmente.

Enquanto Ramalho simpatiza com o PL, o partido de Magno e Bolsonaro precisa de um candidato competitivo para disputar a Prefeitura de Vila Velha com Arnaldinho Borgo (Podemos). Como Magno sempre diz, “o PL quer ser cabeça” em todos os maiores municípios capixabas.

Vila Velha é não apenas o segundo maior colégio eleitoral do Espírito Santo como é uma cidade muito permeável ao bolsonarismo, como tem se provado nas últimas eleições. Em 2022, Bolsonaro teria vencido a eleição presidencial em turno único, se dependesse dos eleitores vilavelhenses. Por razões que os cientistas políticos ainda precisam estudar melhor, a ideologia do ex-presidente de extrema direita encontrou terreno fértil para se espraiar ali.

Meia volta, volver

Ao ombrear com Magno Malta e entrar nas fileiras do PL, Alexandre Ramalho deserta da tropa política liderada pelo governador Renato Casagrande (PSB). As duas coisas são inconciliáveis. Os dois não necessariamente se tornam “inimigos políticos”, não é isso, mas automaticamente deixam de ser aliados.

Até então, Ramalho pertencia ao grupo político do governador e foi por esse grupo que disputou a sua primeira eleição, a deputado federal pelo Podemos, em 2022.

É do PL a principal bancada de oposição ao governo Casagrande na Assembleia. Foi do PL o seu principal adversário na eleição ao Governo do Estado em 2022. Com o apoio de Magno Malta, Manato fez uma campanha marcada por ataques fortíssimos a Casagrande no 2º turno. E o próprio Magno se estabeleceu como adversário do governador. No horário eleitoral de Manato, a poucos dias do 2º turno, uma das filhas de Magno chegou a dizer que Casagrande não tinha medo de perder a eleição, “mas de ser preso”.

Não dá para entrar nesse combate dos dois lados. E Ramalho, assim, escolhe o dele.

Em Vila Velha, Casagrande e seu partido, o PSB, têm o compromisso de ajudar na reeleição do prefeito Arnaldinho. O PSB faz parte da sua administração.

FONTE: ES 360