Quinta, 21 de novembro de 2024
Política

18/02/2024 às 16h27

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Redacao

Vila Velha / ES

Marcelo Santos sinaliza à sua equipe que não concorrerá ao TCES
E mais: direção do Podemos reage à desfiliação de Ramalho; e o nome mais cotado para presidir o União Brasil na Serra (em favor de Vidigal)
Marcelo Santos sinaliza à sua equipe que não concorrerá ao TCES
Marcelo Santos com os seis conselheiros do TCES durante a sessão de abertura do ano legislativo na Ales. Foto: Ales

É como ensina a sabedoria popular: no Brasil, o ano só começa de verdade após o Carnaval. Seguindo à risca o escrito, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Santos (Podemos), não perdeu tempo. Na manhã da última quinta-feira (15), primeiro dia após a quarta-feira de cinzas, promoveu uma reunião de trabalho com os diretores e chefes dos principais departamentos do Poder Legislativo Estadual.


No encontro, Marcelo não chegou a dizer objetivamente à sua equipe que não pretende concorrer à vaga de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCES) aberta com a aposentadoria de Sérgio Borges no dia 8 de janeiro. Mas quem participou da reunião saiu do gabinete do presidente convencido de que ele não tem a menor intenção de fazê-lo.


Sinalizando a todos que tenciona permanecer à frente da Casa, Marcelo demonstrou entusiasmo com o planejamento traçado para o ano, definiu metas administrativas, alinhou projetos prioritários, enfim, deu a entender aos colaboradores mais diretos que está determinado a seguir conduzindo normalmente os trabalhos na Assembleia. Um participante ouvido pela coluna confirmou ter saído de lá com total convicção de que Marcelo não pretende ir a lugar algum. “Foi isso que entendi da fala dele”.


Outro relatou que não chegou a ser um “Dia do Fico”: “Não foi conclusivo. Mas é fato que, internamente, ele está trabalhando administrativamente como se nada estivesse acontecendo ou ‘pudesse acontecer’. Cobrando e estabelecendo objetivos até o final do ano”.


No mesmo dia, à tarde, o presidente da Assembleia reuniu-se com o governador Renato Casagrande (PSB), a convite do chefe do Executivo. A pauta se concentrou nos primeiros projetos importantes que o governo planeja mandar para a Assembleia este ano, mas os dois também abordaram brevemente o processo de sucessão de Sérgio Borges no TCES, sem se aprofundarem no tema. Os chefes dos dois Poderes terão outra conversa nesta semana, aí, sim, para tratarem especificamente da sucessão no TCES.


O calendário do processo de preenchimento da vaga de Borges está todo nas mãos de Marcelo. Quando ele achar por bem, deverá publicar o “edital” de inscrição dos candidatos, que poderão ser feitas por deputados ou pela Mesa Diretora num prazo de dez dias a contar da publicação.


O nome favorito do Palácio Anchieta para a vaga é o do secretário-chefe da Casa Civil, Davi Diniz (sem partido). O da Assembleia é o próprio Marcelo.


Ocorre que quando Marcelo foi apoiado pessoalmente pelo governador, em janeiro de 2023, para chegar à presidência da Assembleia, ele assumiu com Casagrande o compromisso de não se candidatar à vaga de Borges. O acordo entre os dois passou diretamente por isso. Existe, porém, entre os deputados, um movimento muito forte para que a vaga do conselheiro seja preenchida por um deles, já que é de indicação exclusiva da Assembleia Legislativa. É o movimento “A Vaga é da Assembleia!”.


Entre os deputados, o nome que passa com maior facilidade é o do próprio Marcelo. Se ele for candidato, torna-se automaticamente o favorito, mas assume o ônus de se complicar na relação com o governo. Se não o for, abre caminho para uma eleição muito mais fácil de Davi Diniz. Mas essa segunda hipótese também pode ensejar a tentativa de viabilização da candidatura de outro deputado. E o próprio Marcelo pode buscar a construção de um acordo nesse sentido com o Palácio Anchieta.


Em tese, se o Palácio apostar tudo em Davi e colocar a máquina para trabalhar a seu favor, o chefe da Casa Civil larga com favoritismo, pois o governo tem maioria em plenário. Mas essa maioria não é folgada (fica ali, em cerca de 20 dos 30 votos), e estamos falando de uma base que tem se provado volúvel. No ano passado, alguns dos deputados supostamente governistas oscilaram em votações importantes. Se a oposição se articular para eleger um dos seus, com todos votando em bloco, esse candidato indigesto para o Palácio pode chegar a 10 dos 30 votos possíveis (e ganhará a vaga quem tiver mais votos, em escrutínio único). A margem de segurança é pequena; as chances de surpresas são grandes.


O fato de a votação ser secreta aumenta o grau de imprevisibilidade da escolha dos deputados à medida que diminui o controle do governo sobre o processo decisório. Eleva o risco de traições e, portanto, o de derrota. Para não correr esse risco, se sentir que a eleição de Davi não é absolutamente segura, o governo, sempre falando em tese, pode se dispor a avaliar uma solução alternativa: apoiar um deputado da base que agrade aos dois lados, governo e plenário, um meio-termo capaz de equilibrar todas as vontades em jogo. Mas quem poderá representar esse ponto de equilíbrio? Esse nome ainda não apareceu, se é que ainda vai aparecer.


Certo mesmo é que a bola está nos pés de Marcelo. O desenrolar e o desfecho desse processo dependem muito diretamente da sua arbitragem (ou do seu arbítrio). Se o presidente da Casa não for mesmo candidato, a questão passa a ser se ele “endossará” a candidatura de Davi, colocando em campo sua influência para ajudar a consagrar o candidato palaciano, ou se buscará construir com o governo um acordo visando à eleição de algum outro deputado governista que seja integralmente abraçado pela base, sem risco de defecções.


Em tempo: com a votação secreta, eventuais traições vindas da base não poderão ser individualizadas nem punidas, já que o “voto traiçoeiro” poderá ter partido de qualquer um.


Podemos reage à desfiliação de Ramalho: “Partido é atividade coletiva”


A direção do Podemos reagiu à desfiliação do ex-secretário estadual de Segurança Pública Alexandre Ramalho, comunicada na última sexta-feira (16). Por meio de nota enviada à imprensa, o Diretório Estadual do partido, presidido no Espírito Santo pelo deputado federal Gilson Daniel, “lamentou profundamente” a decisão do ex-secretário e asseverou ter feito de tudo para que ele permanecesse no Podemos e concorresse à Prefeitura de Vitória, uma vez que o projeto prioritário do partido é a reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo em Vila Velha.



Gilson Daniel e Casagrande em assinatura de ordem de serviço em Ibatiba. Foto: Instagram



O partido ainda aproveitou para reiterar sua aliança com o governo Casagrande e seu compromisso de “caminhada conjunta” com o projeto liderado por ele no Estado, além de deixar uma farpa a Ramalho: “A construção partidária é uma atividade coletiva, realizada a muitas mãos […]. O diretório do Partido esteve sempre de portas abertas para o diálogo e a participação do Coronel Ramalho nas decisões partidárias”.


Eis a nota na íntegra:


Recebemos o comunicado nesta sexta-feira (16) do ex-secretário de Estado de Segurança Pública, Coronel Alexandre Ramalho, da decisão em deixar o partido e, consequentemente, a primeira suplência de Deputado Federal.


Trabalhamos o tempo todo para que Ramalho permanecesse no Podemos e concorresse à prefeitura de Vitória, uma vez que em Vila Velha temos o projeto prioritário do partido, que é a reeleição do prefeito Arnaldinho Borgo.


A construção partidária é uma atividade coletiva, realizada a muitas mãos, em uma caminhada conjunta com o projeto liderado pelo Governador Renato Casagrande.


O diretório do Partido esteve sempre de portas abertas para o diálogo e a participação do Coronel Ramalho nas decisões partidárias.


Lamentamos profundamente a decisão e seguimos trabalhando para o fortalecimento coletivo do Podemos-ES.


Diretório Estadual Podemos-ES


O nome mais cotado para presidir o União Brasil na Serra (em favor de Vidigal)


Em entrevista à coluna publicada na última sexta-feira (16), o presidente estadual do União Brasil, Felipe Rigoni, disse “ver com bons olhos” a reeleição do prefeito Sergio Vidigal (PDT) na Serra (a expressão foi usada por ele mesmo, sem trocadilho nem autoironia).


Secretário estadual de Meio Ambiente, Rigoni também enfatizou que faz parte da base política de Renato Casagrande, que o consulta sobre todas as decisões importantes do partido em todas as localidades e que, como objetivo estratégico, o União Brasil quer ajudar o governador na sua sucessão em 2026, elegendo o maior número de prefeitos aliados este ano. Na Serra, o candidato de Casagrande é Vidigal, com quem o governador tem um compromisso político.


Aliado a esses fatores, existe o trabalho de convencimento que Rigoni tem feito com o vice-prefeito da Serra, Thiago Carreiro (União Brasil), para que ele desista da pré-candidatura a prefeito contra Vidigal para se candidatar a vereador. Ao que tudo indica, Carreiro já se resignou. A soma de todas essas variáveis indica muito vivamente que, na Serra, o caminho do União será mesmo apoiar a reeleição de Vidigal.


Como o próprio Rigoni afirmou na referida entrevista, o candidato a ser apoiado pelo União exercerá influência no novo órgão de direção do partido na Serra, a ser constituído por ele muito em breve. E o nome mais cotado para presidir a nova Comissão Provisória Municipal faz parte do “time Casagrande”: Jean Carlo Cassiano.


Hoje no Governo do Estado – é assessor comissionado na Superintendência de Comunicação desde março de 2023 –, Jean pode ser considerado um “apátrida” do ponto de vista partidário. Começou no movimento comunitário da Serra, já jogou no time de Vidigal, já jogou no time de Audifax… até que, em 2022, quando o segundo se candidatou ao Palácio Anchieta contra Casagrande, o time do governador o cooptou para jogar do seu lado. E é onde Jean está hoje, pronto para colaborar onde for escalado.

FONTE: ES 360

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