27/12/2023 às 22h30
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Redacao
Vila Velha / ES
Desde o início de 2023, Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Estado, tem passado por grandes obras de macrodrenagem, com o intuito de acabar com o histórico de alagamentos na região do bairro Nova Brasília. As intervenções eram há muito aguardadas pelos moradores, mas os transtornos gerados na região central da cidade também desgastam a imagem do prefeito Victor Coelho (PSB) e da secretária de Obras e Serviços Urbanos, Lorena Vasques (PSB), que tem sido apontada como possível candidata à sucessão nas eleições de 2024.
Quem procura se beneficiar da situação é o vereador de extrema direita Júnior Corrêa (PL), um dos principais pré-candidatos a prefeito de Cachoeiro no ano que vem. Em um vídeo postado nas redes sociais, Corrêa aparece em frente ao local das obras e alfineta a gestão de Coelho, a quem faz oposição.
"A gente sabe que as obras que estão em andamento são importantíssimas para melhorar a infraestrutura da nossa cidade. Mas a gente sabe, também, que quando elas são feitas de maneira desordenada, prejudicam o trânsito, prejudicam o comércio, prejudicam a vida cotidiana. E é por isso que eu estou aqui reunindo algumas ideias para melhorar a nossa cidade", afirmou Júnior no vídeo, com indisfarçável postura de candidato.
As reclamações sobre as obras abrangem as mudanças no tráfego de vias de grande fluxo, como as avenidas Linha Vermelha, Bernardo Horta e Beira Rio. Parte dos comerciantes do bairro Guandu também enfrenta diminuição do fluxo de clientes, devido ao fechamento de ruas e ao barulho e poeira das obras.
Outro ponto sensível é a realocação de vendedores ambulantes. O Shopping Popular, principal ponto de comércio informal da cidade, foi demolido, e os trabalhadores tiveram que ser abrigados no tradicional Mercado da Pedra junto aos demais comerciantes que já atuavam lá. As bancas de ambulantes que ficam nas ruas do bairro Guandu também seriam mudadas para uma outra via pública, mas a alteração foi adiada para janeiro após protestos.
As obras de macrodrenagem são realizadas com um investimento de R$ 55,2 milhões da gestão do governador Renato Casagrande (PSB), principal aliado de Victor Coelho. Segundo a Prefeitura de Cachoeiro, 80% do trabalho já foi concluído – e há pressa para entregar tudo pronto em tempo recorde, para que as reclamações se transformem em congratulações e o desempenho eleitoral do campo governista seja potencializado.
Indefinição
Oficialmente, Lorena Vasques não foi anunciada como pré-candidata a prefeita, mas ela se tornou o principal rosto da Prefeitura de Cachoeiro nos últimos meses, seja marcando presença em eventos oficiais ou dando entrevistas para a imprensa local. Ela também tem utilizado postagens patrocinadas nas redes sociais, em uma clara estratégia para se tornar mais conhecida.
A filiação de Vasques ao Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi um dos principais destaques de um evento da sigla realizado no final de novembro. Outras lideranças femininas entraram no partido na mesma ocasião, como a professora Marta Profeta, o que teve o objetivo de passar a imagem de um "movimento de mulheres" ganhando força.
Apesar disso, a candidatura de Lorena Vasques à Prefeitura de Cachoeiro não é dada como certa. Existe a possibilidade de apoio do campo governista ao "grupo do três aliados", composto pelos deputados estaduais Allan Ferreira (Podemos) e Dr. Bruno Resende (União) e pelo secretário de Cidadania, Direitos Humanos e Trabalho de Vitória, Diego Libardi (Republicanos) – apesar de esse último ser um adversário de Victor Coelho. O ano termina sem que os três definam quem será o candidato a prefeito.
Júnior Corrêa, por sua vez, deverá ter o apoio em 2024 do deputado estadual e ex-prefeito de Cachoeiro por quatro mandatos, Theodorico Ferraço. Uma das principais lideranças políticas do sul do Estado, Ferraço assumiu a presidência do Partido Progressistas (PP) e levou com ele para o diretório Zezé da Cofril, pai de Júnior. O deputado, que é opositor de Victor Coelho, já declarou simpatia pelo pré-candidato bolsonarista.
Sem papo com o PT
Se Victor Coelho ainda não se posicionou sobre quem apoiará para a sua sucessão em 2024, ele já deixou bem claro quem não terá o seu apoio: o Partido dos Trabalhadores (PT), que tem como pré-candidato Carlos Casteglione, seu antecessor no cargo. Em entrevista para o portal da região, Em Off Notícias, Victor afirmou que não tinha "nada contra" Casteglione ou o PT, mas que não poderia dar aval a um projeto de administração que, em sua opinião "não funcionou".
"Quando o PT concluiu o seu oitavo ano de mandato, entregou a prefeitura ao final de nossa gestão, com todos os pagamentos em dia, tendo deixado em caixa mais de R$ 80 milhões para o próximo exercício (2017) e obras importantes contratadas junto ao Governo Federal, como, por exemplo, a reforma do Centro de Saúde e do Pronto Atendimento Paulo Pereira", contestou o PT de Cachoeiro em postagem nas redes sociais.
Casteglione, vale destacar, ocupa atualmente a subsecretaria de Estado do Trabalho, Emprego e Geração de Renda, e o PT é um aliado do governador Renato Casagrande. Um eventual confluência do campo governista com o PT, portanto, não estaria descartada.
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