13/03/2020 às 19h47
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Redacao
Vila Velha / ES
O ano de 2020 começou com a identificação de uma nova doença de potencial pandêmico que vem causando medo e preocupação em todo o mundo. Batizada de COVID-19, causada por uma nova cepa de coronavírus, a nova síndrome respiratória ainda é pouco conhecida. À medida que os casos vão sendo identificados, mais dados sobre a doença vão sendo descritos. Duas publicações reuniram dados de casos confirmados em Wuhan, China, e procuraram descrever as características clínicas e epidemiológicas da infecção.
A primeira publicação descreve 138 pacientes hospitalizados com COVID-19 em Wuhan em um centro de referência, comparando características entre os pacientes com necessidade de internação em unidades de terapia intensiva e os que não precisaram de tratamento intensivo. A análise incluiu somente casos confirmados seguindo os critérios da Organização Mundial da Saúde, sendo publicado na JAMA no início de fevereiro.
O segundo estudo foi publicado pelo CDC chinês e reúne dados de todos os casos notificados na China até 11 de fevereiro. Os dados foram retirados do banco de dados chinês sobre doenças infecciosas, sendo a COVID-19 uma doença de notificação obrigatória no país.
No estudo da JAMA, a média de idade encontrada foi de 56 anos, sendo a maioria dos pacientes do sexo masculino (54,3%). Dos 138 pacientes, 73,9% foram admitidos em unidades de internação e 26,1% necessitaram de transferência para unidades de terapia intensiva devido ao desenvolvimento de disfunção orgânica.
A duração média de tempo do início dos sintomas até dispneia, internação hospitalar e SARA foi de 5, 7 e 8 dias, respectivamente. A coexistência de comorbidades foi comum, estando presente em 46,4% dos pacientes. Hipertensão (31,2%), diabetes mellitus (10,1%), doenças cardiovasculares (14,5%) e neoplasias (7,2%) foram as mais prevalentes.
Os sintomas iniciais mais comuns foram: febre (98,6%), fadiga (69,6%), tosse seca (59,4%), mialgia (34,8%) e dispneia (31,2%). Outros sintomas menos frequentes incluíram cefaleia, vertigem, dor abdominal, diarreia, náuseas e vômitos. Aproximadamente 10% dos pacientes reportaram diarreia e náuseas 1 a 2 dias antes do início de febre e dispneia.
Estratificando os dados por local de internação, os pacientes admitidos em CTI eram mais velhos (média de idade de 66 anos vs. 51 anos nos internados em unidades de internação), e mais propensos a terem comorbidades, incluindo hipertensão, diabetes e doenças cardio e cerebrovasculares. Em relação aos sintomas, a frequência de dor em orofaringe, dispneia, vertigem, dor abdominal e anorexia foi maior nos pacientes críticos do que nos não críticos.
Não houve diferença significativa nos valores de frequência cardíaca ou respiratória e nem de pressão arterial entre os grupos.
Todos os 138 pacientes apresentavam envolvimento pulmonar bilateral em tomografia de tórax. Os admitidos em CTI tinham, na admissão, valores mais altos de contagem de leucócitos e neutrófilos, D-dímero, CK e creatinina. As complicações mais frequentes foram SARA (19,6%), arritmias (16,7%), choque (8,7%), injúria cardíaca aguda (7,2%) e insuficiência renal aguda (3,6%). Com exceção de IRA, todas as complicações estavam mais comumente presentes nos pacientes com necessidade de terapia intensiva. Dos 36 pacientes em internados em CTI, 15 (44,4%) receberam ventilação não-invasiva e 17 necessitaram de ventilação mecânica (47,2%), dos quais 4 receberam ECMO. No total, 13 precisaram de vasopressores e 2 de terapia renal substitutiva.
O relatório publicado pelo CDC chinês contou com a análise de 72.314 notificações, das quais 44.672 foram casos confirmados (61,8%), e corroborou alguns dos dados encontrados na publicação da JAMA. A maioria dos casos confirmados ocorreu em homens (51,4%) e em indivíduos com idade entre 30 e 69 anos (77,8%). A maior parte foi de casos considerados leves (80,9%).
A taxa de letalidade entre os casos confirmados foi de 2,3%. O grupo etário de pacientes com 80 anos ou mais foi o que apresentou maior taxa de letalidade (14,8%). A taxa de letalidade também foi maior em homens (2,8% vs. 1,7% em mulheres), pacientes críticos (49% vs. 0% em casos leves e moderados) e em pacientes com comorbidades (10,5% vs. 0,9%), destacando-se doenças cardiovasculares (10,5%), diabetes (7,3%), doença respiratória crônica (6,3%), hipertensão (6,0%) e neoplasias (5,6%).
Ambos os estudos identificaram transmissão nosocomial do 2019-nCoV, com destaque para a infecção de profissionais da saúde. Dos 138 pacientes avaliados na publicação da JAMA, 57 (41,3%) foram presumidamente infectados em ambiente hospitalar, sendo 17 (12,3%) indivíduos que foram internados por outras causas e 40 (29%), profissionais de saúde. Um paciente admitido em uma enfermaria cirúrgica por dor abdominal foi presumidamente associado à infecção de mais de 10 profissionais de saúde e de 4 outros pacientes internados na mesma enfermaria.
Os dados chineses descrevem 1688 casos confirmados entre profissionais de saúde, sendo 14,6% classificados como graves. Houve cinco mortes, o que representa uma taxa de letalidade de 0,3% entre os profissionais de saúde no país.
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Referências bibliográficas:
FONTE: Portal Pebmed
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